A moda masculina atualmente está em constante evolução, influenciadores digitais têm se destacado ao compartilhar suas opiniões e orientações para aprimorar nosso comportamento, estilo de vestimenta e, mais importante, nossa imagem pessoal. Isso, por um lado, fortalece a noção de que a moda masculina é, cada vez mais, uma forma de expressão e comunicação. No entanto, por outro lado, ainda enfrentamos a carência de evidências técnicas sólidas sobre como nos vestir para melhorar nossa evolução pessoal.
O fato inegável é que muitas pessoas subestimam a importância de se vestir adequadamente, um ato fundamental em nosso cotidiano. A questão é: quantos de nós realmente compreendem o que constitui uma roupa de qualidade? Isso torna extremamente desafiador determinar se estamos, de fato, bem vestidos e elegantes, como gostaríamos de acreditar.
Nas últimas décadas, a cultura do vestuário e o conhecimento técnico associado a ela foram obscurecidos pelas grandes marcas que inundam o mercado com roupas baratas, aproveitando estratégias midiáticas para estimular o desejo do consumidor. A indústria da moda parece ter se distanciado da busca pela qualidade nas roupas, priorizando apenas a rapidez na produção em massa, resultando em peças que se tornam obsoletas rapidamente e contribuindo para a crescente acumulação de plásticos derivados do petróleo em nosso planeta (não é à toa que a indústria da moda é uma das maiores poluidoras).
Uma prova evidente dessa abordagem preocupante é a tentativa das empresas de fazer com que os consumidores se encaixem em um padrão de corpo estabelecido por elas, o que é um erro básico de modelagem. Devemos lembrar que assim como as impressões digitais, cada um de nós possui um corpo único. É ingênuo pensar que nossos corpos estão errados, quando, na verdade, as marcas deveriam se esforçar para atender a todos nós com qualidade. Esse equívoco faz com que a principal função do vestuário, que é proporcionar confiança, frequentemente atue de maneira contraproducente.
Quando abordamos a técnica de se vestir, devemos começar pelo básico: o material que entra em contato direto com nosso corpo, ou seja, o tecido. Embora as normas técnicas e as descrições dos materiais sejam obrigatórias nas etiquetas das roupas, muitas pessoas ignoram essas informações, considerando o tecido apenas um aspecto estético. Isso é um equívoco, pois o tecido está diretamente ligado à sensação tátil, influenciando fatores como conforto, rigidez, transpiração, aquecimento e, claro, mobilidade. Além disso, a estética também desempenha um papel importante, incluindo o brilho e o caimento.
As regras técnicas do vestuário masculino têm raízes nas proporções do corpo, estabelecidas por mestres alfaiates habilidosos, artesãos que dominam todo o processo de confecção de roupas. Cores e formas geométricas são utilizadas para realçar nossas qualidades individuais ou disfarçar imperfeições. Esse conhecimento técnico, fundamentado na prática, pode servir como um guia comprovado, permitindo-nos vestir com coerência e harmonia, respeitando nossas características únicas.
Por exemplo, o simples ajuste na boca de uma calça pode criar a ilusão de um pé mais curto ou mais longo, dependendo da largura. Tecidos como a lã fria podem ser usados tanto no verão, devido ao toque refrescante, quanto no inverno, graças à sua capacidade de manter a temperatura corporal. Além de serem reconhecidos pela nobreza e status que representam, esses tecidos também são uma expressão de elegância.
Essas regras clássicas, estabelecidas por renomados alfaiates e cavalheiros, principalmente na Europa, permitem que as técnicas da elegância sejam acessíveis a todos, desde que fundamentadas em resultados científicos ou artesanais comprovados ao longo de séculos de experiência nas mãos dos verdadeiros especialistas em vestuário, os alfaiates.