A moda masculina tem um jeito de pegar ideias de estilo e fazê-las funcionar. A camisa “button-down” (colarinho com botão) é um exemplo disso. Tudo começou em um campo de polo inglês em 1896, quando um cara chamado John Brooks, neto do fundador da Brooks Brothers (uma marca super famosa nos EUA), teve uma ideia. Os jogadores de polo usavam camisas formais, mas com uma diferença importante: botões eram adicionados para manter o colarinho no lugar e evitar que atrapalhasse o rosto do cavaleiro.
Essa ideia simples virou algo grande. A camisa button-down da Brooks Brothers começou branquinha, depois veio em rosa e várias outras cores e listras, tornando-se símbolo de juventude e vitalidade nos EUA. Desde seu lançamento por volta de 1900, como a camisa original de polo, até hoje, ela é um sucesso de vendas. Essa camisa não só trouxe um toque mais descontraído para a moda masculina, mas também mudou o jeito de usar camisas nos Estados Unidos. Até então, as camisas não tinham colarinho e eram usadas com colarinhos separados e rígidos, que podiam ser removidos e lavados.
A camisa button-down era mais confortável, descolada e quase inovadora. Por volta de 1915, junto com o Number One sack suit da Brooks Brothers, ela fazia parte do estilo dos estudantes ricos, especialmente nas faculdades da Costa Leste dos EUA, como Harvard e Yale. Winthrop Brooks, presidente da Brooks Brothers de 1935 a 1946, era membro do Whiffenpoofs, o grupo de canto de Yale, que sempre usava roupas da Brooks Brothers. F. Scott Fitzgerald usava a camisa em uma época em que ainda era considerada uma escolha ousada.
Nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, a camisa button-down, junto com moletons colegiais, cardigãs, mocassins e cáquis, era parte essencial do uniforme inteligente e descontraído dos estudantes e homens urbanos. Também indicava algo de alta classe: nos romances de John O’Hara, por exemplo, os vilões sempre usavam roupas chamativas, e os bonzinhos – geralmente mais abastados – usavam Brooks, incluindo a elegante camisa button-down. A camisa também passou a representar um certo conservadorismo: no conto de Mary McCarthy “O Homem na Camisa Brooks Brothers”, as roupas simbolizam as ambições de um executivo limitado da indústria do aço, contrastando com as usadas pela paixão mais artística.
O que talvez tenha garantido o status icônico da camisa foi a influência das celebridades. Clark Gable, astro de Hollywood, ajudou a popularizar a camisa button-down. Mesmo que tenha “matado” o colete ao tirar a camisa em um filme, ele virou fã da Brooks Brothers e promoveu a camisa de uma maneira que dinheiro nenhum poderia comprar. Outros astros como Tyrone Power, Fred Astaire e Cary Grant também adotaram a moda.
Assim como nos filmes, também na indústria e na arte, essa camisa simples ganhou destaque. Gianni Agnelli, da Fiat, popularizou o estilo na Europa, usando suas camisas azuis, brancas ou cruas com seu estilo característico. Até o ícone da arte pop, Andy Warhol, tinha sua versão: sempre usando a camisa na cor branca.