Não há nada mais complexo do que o mundo, o planeta terra em que vivemos e a quantidade de estímulos e informações visuais que ele pode nos oferecer. Os poucos astronautas que tiveram o privilégio de ver o planeta do espaço, geralmente quando são perguntados o que mais os surpreende nessa visão, respondem: a extraordinária beleza de observar o planeta como um todo.Para explicar melhor essa sensação, eles costumam dizer que sentem como se tudo que os cerca, inclusive eles mesmos, fosse composto por uma única matéria, como se tudo que existe fosse “pó estelar”. Isso nos mostra que tudo está conectado: os planetas, a nave, a Terra e nós mesmos, fazendo parte de uma sintonia, uma harmonia total entre as matérias, proporcionando uma sensação de extrema gratidão e bem-estar.A beleza está sempre associada a algo puro, natural e correto, pois um objeto belo criado pelas mãos humanas, por exemplo, carrega uma grande quantidade de energia espiritual. O que é criado sem elaboração ou com apenas propósitos funcionais, por exemplo, dificilmente será admirado e, consequentemente, não pode ser considerado algo ético. Enquanto um objeto que pode ser criado principalmente pelas mãos humanas, que têm essa proximidade espiritual e corporal mais íntima com a matéria, pode apresentar uma proposta e uma expressão ética e correta. Algo belo é notável por ter sido feito com amor, com o coração, e nisso reside a verdade.Os monges do Tibet, por exemplo, só podem criar seus manuscritos quando estão em um estado de espírito pleno. Nos dias em que não estão tão bem espiritualmente, podem comprometer a caligrafia, enquanto, quando estão bem, a letra sai de forma ainda mais bela e transmite com maior eficácia o significado que desejam transmitir.É por meio da mistura de contrastes que buscamos criar algo belo, um equilíbrio desafiador e improvável. Mas quando acreditamos que tudo está conectado, podemos encontrar a beleza ideal e, frequentemente, a inovação. Não podemos mudar as formas, cores e texturas que a natureza nos oferece; podemos apenas combiná-las, misturá-las e aprimorá-las de tal forma que expressamos um pouco de nossas características e sentimentos, prontos para serem compartilhados. É assim que devemos considerar a elegância ao nos vestirmos. Até hoje, os tecidos mais valorizados, e cada vez mais valorizados, são os naturais, feitos com máquinas antigas e métodos artesanais, onde o carinho e o cuidado no processo resultam em distinção. Notemos que a própria lã, o algodão e o linho nos envolvem com um acolhimento natural, como o toque de uma ovelha ou um toque vegetal, por exemplo, que estão mais alinhados com nossas necessidades mais instintivas e com o que nosso corpo precisa. Um tecido natural está mais próximo da vida, mais próximo dos sentidos aguçados e é ele que fica em contato direto com nossa pele. Assim como os materiais, as cores mais nobres também estão na paleta da natureza, e por serem mais puras e naturais, nos transmitem a sensação de uma conexão entre a elegância e sofisticação, resultando na Beleza.
Força sem poder,coragem sem ousadia e beleza sem vaidade.
Jayme Kersting